Sobre os fogos na Amazónia

As evidências demonstram que o desmatamento na Amazónia pode estar mais perto de um ponto sem retorno. Se o desmatamento total exceder 20% a 25% da área florestal total (actualmente é de 16%) haverá uma transformação irreversível de mais de 60% da floresta. Se isto acontecer a Amazónia passará a ser uma savana que emite CO2 em vez de capturar. É importante lembrar que a floresta amazónica se auto-alimenta e gera 50% das suas próprias chuvas. Ou seja, é um sistema que assenta numa zona de solo com baixos nutrientes mas onde a vida prolifera num sistema auto-regulado. Qualquer perturbação desde equilíbrio terá consequencias extremamente negativas não só para Amazónia como para todo o Planeta, já que é aqui que se produz 20% do total de oxigénio disponivel. 

O IPCC alerta que a protecção e a restauração das florestas poderiam mitigar em 25% as emissões de carbono. No entanto, estamos a fazer o contrário.

​Os fogos na Amazónia estão a penetrar a floresta virgem (a Norte) que são zonas de desmatamento recente:

​Os fogos na Amazónia estão a penetrar a floresta virgem (a Norte) que são zonas de desmatamento recente muito recente

Image de padrões “fishbone”

Padrão em “espinha de peixe” (fish-bone pattern) em cor falsa (vermelho é floresta, a branco estradas e zonas de abate). Nestas imagens a ação do homem é clara: uma estrada principal é aberta e várias outras perpendiculares e secundarias garantem que as máquinas e camiões de transporte de madeira possam entrar e começar o desmatamento.

Sentinel-2 em cores reais

Imagem de alta resolução

Imagem capturada no dia 13 de Agosto pelo satélite privado de alta-resolução WorldView-3 onde é evidente que as queimadas estão a acontecer em zonas concomitantes entre floresta e pastorícia

Convidamos os leitores a explorar as plataformas disponíveis que dão conta da alteração da floresta a nível global: 

https://earthenginepartners.appspot.com/science-2013-global-forest


Este não é só um problema do Brasil. É um problema global que também se aplica à nossa gestão florestal em Portugal.
A informação aqui contida foi compilada com base em artigos revistos por pares de autores reconhecidos do IPCC incluindo Carlos Nobre e Thomas E. Lovejoy, que partilhou o prémio Nobel da Paz com Al Gore e o IPCC no trabalho que têm desenvolvido sobre as alterações climáticas. Ler mais em:
https://www.researchgate.net/publication/323341184_Amazon_Tipping_Point
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/gcb.14413

Escrito por Filipe Lisboa e Sara Aparício, que não está no WordPress https://twitter.com/_SaraAparicio_

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